Abandono

Olhos incrustados na cara

Abandonado pelas periferias

Feitos bêbados caídos pelas ruas

Nas calçadas vergonha espalham

Tem como perfume o aroma da urina

O odor o vento espalha através da brisa

Cara suja mãos vazias

Vão seguindo a esmo

Em passos vacilantes seguem

Com suor fétido por todos os poros

Estendem as mãos na espera de trocados

Para mais uma dose de pinga

Bebem para esquecerem as mazelas

Que a vida os apresenta como sina

Pois a muito os sonhos os deixou

A vida agora é lua minguante

Sua casa é apenas um pedaço de papelão

Que a noite ouve seu pranto chorando

Porque para muitos da população

Eles já não mais gente são

Não passam de bichos ambulantes.

Lucimar Alves

Lucimar Alves
Enviado por Lucimar Alves em 18/12/2015
Código do texto: T5484176
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