Abandono
Olhos incrustados na cara
Abandonado pelas periferias
Feitos bêbados caídos pelas ruas
Nas calçadas vergonha espalham
Tem como perfume o aroma da urina
O odor o vento espalha através da brisa
Cara suja mãos vazias
Vão seguindo a esmo
Em passos vacilantes seguem
Com suor fétido por todos os poros
Estendem as mãos na espera de trocados
Para mais uma dose de pinga
Bebem para esquecerem as mazelas
Que a vida os apresenta como sina
Pois a muito os sonhos os deixou
A vida agora é lua minguante
Sua casa é apenas um pedaço de papelão
Que a noite ouve seu pranto chorando
Porque para muitos da população
Eles já não mais gente são
Não passam de bichos ambulantes.
Lucimar Alves