::: UMA FÉ IMPOSSÍVEL. UMA FÉ NECESSÁRIA :::
Podes, por acaso, levantar os olhos
E ver a neblina cinzenta que cobre as almas?
É possível, alguém por aí, sentir
A fome de toda nossa miséria?
Minhas crianças nunca viverão!
Minhas mães nunca verão seus filhos!
E os meus pais estão perdido nas velhas usinas de carvão…
Uma esmola, por favor?
Uma esmola para minha dor!
Uma esmola…
Tudo o que sobrou foram as sobras humanas
De desumanas condições ideológicas.
Tudo que tenho é o vazio dos homens
Para dividir com meu filho que ainda não chegou.
Alguém viu?
Alguém ouviu?
Alguém sentiu?
O pérfido som dos canhões
E a funesta sinfonia de nossa desunião?
Lá está o meu filho… e o seu também!
Infelizmente não hão de brincar juntos,
Porém, nós choraremos juntos
A morte de cada campeão.
E aqui, onde a guerra não consome nossos recursos,
A violência idolatrada de cada primata
Faz coleção de caixões.
O culto inculto de nossa decaída cultura
Deixa resquícios maledicentes de uma moral sem sucesso.
Ah! Romeu… tu estavas certo!
O ouro é o pior veneno para alma humana
E, pelo visto, a mais rápida epidemia.
Por causa dele minhas filhas são prostitutas,
Meus filhos mendigos e bêbados,
Meus pais são velhos esquecidos em asilos e ruas
E meu País…. Ah! Ah! Ah! Meu país?
Ei-lo circo de funestas demagogia
Onde as ideologias repartem os homens
Para, no fim, tornarem-se cães.
O fuzil, a pistola, o entorpecente…
Nós que fazíamos mundos novos,
Fizemo-nos reféns.
Existe uma mentira em cada esquina,
Um pecado em cada alma
E um medo em cada casa.
Cada chefe de família é um novo mártir
E cada filho mais um holocausto para o deus esquizofrênico do século XXVI: - O ouro!
Ei!
Que nossas armas sejam um espírito livre,
Uma alma serena
E uma fé inaudita na maldita humanidade.
SP 16/12/2015