No trem

O trem é um minimundo

De nossa educação

Ambiente triste e imundo

Vamos lá ganhar o pão?

Desrespeito a toda prova

Gritos, nonsense, torpor

Do chaos, a suprema prova

Mete a lenha, condutor!

Aluno pensando em praia

Piriguete, nos granfinos

Trabalhador, Cláudia Raia

Todos, em manter o tino

Mulher protegendo o corpo

Nojento tentando roçar

Jovenzinho se faz morto

Pra velhinha não sentar

Vendedor quer ser "profissa"

Pedinte quer ser vendedor

Mauricinho engomado

Olha a ambos com rancor

Professor desesperado

Com os caminhos da nação

Observa, desolado

Montes de lixo no chão

Analista de sistemas

Irritada com os humanos

Liga o seu computador

Onde não há desenganos

Em todos os pensamentos

Cada sexo, cada idade,

Paira a mesma afirmação

Com mais ou menos verdade:

"Não mereço estar aqui

Situação passageira

Sou melhor que tudo isto

Não me encaixo na sujeira"

Mal acordam e lá estão

Cada qual com seu motivo

Esperando na estação

Pelo trem educativo.

Verônica Marzullo de Brito
Enviado por Verônica Marzullo de Brito em 15/12/2015
Reeditado em 15/12/2015
Código do texto: T5480606
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