Protesto
Ah, minha querida Ponte Hercílio Luz,
Hoje sinto tristeza, ver tua beleza se reduzir
Por alguns esganados de olhos estatelados
Que se reuniam em orgias e os reais dividiam.
Alguns ainda tentam verbas conseguir.
E tu nobre, calada,
Os que te administravam desviavam os reais.
Alguns já morreram, outros te esqueceram,
Toda a corte de salafrários
Que mandaram tudo aos favos, aos raios.
Quanto ao tratado de tua conservação,
O dinheiro vinha de muitos lados
Para uma tropa de safardanas,
Aqueles que de quatro em quatro anos,
Com suas ardilosas manobras,
Ganham a votação.
Ah, mas ainda temos um consolo,
Sempre veremos teus retratos pintados,
E nas fotos dos turistas amados
Que não sabem do teu drama,
Pensam sempre que és a grande dama.
Pelo nome que possuis, ainda nos resta uma luz,
De quando em quando, surgem rumores:
Algum beberrão vai te restituir.
Quem dera venha a ser verdade,
Para alegria de nossa gente e de nossa cidade.