Tanta ternura perdida...

POEMA PARIDO

Nadir Silveira Dias

De quando em vez,

me apanho de novo

com aquele suspirar,

com aquela dor no peito,

naquele incompreender

profundo

das coisas do mundo

que faz a gente infeliz...

Há tanto nada

gerando quase tudo.

Há tanto tudo

quase sempre cheio de nada.

Tanto ser querendo ter

sem ter sequer

a vontade de ser...

Há tanto interesse vil,

tanto sentido invertido,

tanta falta de senso bom,

tanto desamor gestado,

tanta maldade à espreita,

tanta ternura perdida...

E o sol nasce todos os dias

Em todos os momentos a vida flui

O lírio nasceu e nascerá ...

E há tanta espera dos

doentes na fila dos remédios

sob escaldantes

trinta e cinco graus...

E esta ânsia louca de

achar um jeito de reagir...

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 29/09/2005
Reeditado em 06/11/2005
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