Tanta ternura perdida...
POEMA PARIDO
Nadir Silveira Dias
De quando em vez,
me apanho de novo
com aquele suspirar,
com aquela dor no peito,
naquele incompreender
profundo
das coisas do mundo
que faz a gente infeliz...
Há tanto nada
gerando quase tudo.
Há tanto tudo
quase sempre cheio de nada.
Tanto ser querendo ter
sem ter sequer
a vontade de ser...
Há tanto interesse vil,
tanto sentido invertido,
tanta falta de senso bom,
tanto desamor gestado,
tanta maldade à espreita,
tanta ternura perdida...
E o sol nasce todos os dias
Em todos os momentos a vida flui
O lírio nasceu e nascerá ...
E há tanta espera dos
doentes na fila dos remédios
sob escaldantes
trinta e cinco graus...
E esta ânsia louca de
achar um jeito de reagir...