Gritaram-me Macaca

Um dia gritaram-me macaca,

Fazendo "piadas" com meus traços,

No outro gritaram-me bombril,

Se referindo ao meu cabelo crespo,

E a cada dia inventam falas e atitudes racistas travestidos de "brincadeiras".

Nesta brincadeira, já são mais de 400 anos de exploração, inferiorização e massacre,

Vi na TV personagens esteriotipados,

Engoli no "horário nobre" o negro sendo bandido, empregado, sempre favelado e pobre,

nunca vi uma personagem de sucesso, nunca me mostraram negros intelectuais.

Preto só é protagonista de algo,

Quando sabe chutar uma bola com maestria nos campeonatos de futebol,

As pretas, quando sambam e rebolam seu corpo Mula(to) no carnaval.

Ou então quando aparecem metralhados na página polícial,

Vítimas de ataques terroristas executados pelos capitães do mato fardados,

Cães raivosos do Estado.

E essa sociedade ainda me chama de vitimista, fala que negro também é racista,

Foram meus antepassados que foram açoitados no pelourinho, não o seu

Foram os meus que atravessou o atlântico

No porão sujo de um navio sequestrados de suas terras.

Foram meus ancestrais

Que foram obrigados a dar sete

Voltas na árvore do esquecimento para esquecer sua identidade.

Foi o meu povo preto que foi subjugado, inferiorizado,

Foi meu povo preto que lutou e ainda luta por libertação.

É meu povo preto que morreu e continua morrendo nas mãos burguesas dos brancos racistas,

É meu povo que morre, que sofre

Que é massacrado diáriamente

Simplismente por carregar o negrume da noite na pele.

(Pollyana Almië)

Pollyana Almie
Enviado por Pollyana Almie em 02/12/2015
Código do texto: T5467419
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