Mar de Lama
O rio que corria Doce
Saciava a sede do povo
Agora coberto de lama
Porque a sede que matou o rio
Foi a ganância pelo TER MAIS...
O rio corria Doce
A lama cobriu seu leito
Carregou casas como se fosse
Um gigante faminto
Que fez um trabalho perfeito...
Não corre mais o rio
Não saltam nas águas os peixes
Mortos estão todos, povo em desvario
Imerso na lama ácida
Misturados com a lama podre do TER MAIS...
Há um grito de indignação no ar
Grito de misericórdia
Que sai espremido das bocas
Dos que ainda falam na lama de Mariana
e da dor nas entranhas ocas...
Uma tragédia de lama
Lama que cobriu casas e corpos
Lama que machucou o coração
Daqueles que viram seus mortos
Mergulhados na lama da omissão...
Mar de lama que invadiu casas matou o rio
E se espalhou entre campos floridos
Enterrou a vida que sorria
Soterrou os sonhos de todos
E sonhos e corpos juntos se vestiram de lama...
Mena Azevedo