tear
no tear rudimentar
trabalha todo dia
sábado, domingo, feriado
sem saber que muda o ano
sempre no tear trabalhando
produzindo panos que vende por uma ninharia
ao patrão que os leva do sertão,
leva a sua poesia
pra ser vendida lá longe
por outro preço, mais caro
trabalhando todo dia
– sempre a mesma poesia –
nem de longe desconfia
que existe a poesia
que é feita na cidade,
nascida da gente abastada
ou nas comunidades carentes,
de um brilho incandescente,
mas com outra lealdade...