O AMOR DE FABIÃO
Fabião, tão pobrezinho,
Marcado pela opressão,
Fez da poesia uma missão
E dos versos seu caminho.
O instrumento de pinho
Acompanhou sua jornada
E ele, alma sagrada,
Versejando sem parar,
Cantou para libertar
Sua mãe escravizada.
Conta o livro do poeta
Que o poeta Fabião
Cantou até a exaustão
Para atingir uma só meta:
Em sua obra completa
- repentes do coração -,
Juntou tostão por tostão,
Lutou a vida inteirinha
Pra libertar a velhinha
Do jugo da escravidão.
Falava da mãe pretinha
Da cor de jabuticaba,
Do seu cheiro de mangaba,
Do amor que por ela tinha.
A arma com que mantinha
A fé na libertação:
Seus versos, sua canção,
Seu repente improvisado,
Para acabar o reinado
Da infame escravidão!