José

É farpa no dedo,
Dor de dar medo,
Um grito no escuro,
A gata no muro,
O sono se vai...
A filha que chora,
A outra, namora,
Barriga que cresce,
Enquanto emagrece,
Sem saber quem é pai.
O dinheiro é pouco,
Trabalho de louco,
No ar, pendurado,
Num andaime armado,
Com o vento a soprar.
A situação piora,
Sem emprego lá fora,
A obra termina,
O patrão é sovina,
Não quer mais pagar.
Já falta o feijão,
O arroz e o pão,
Panela vazia,
A gata vadia
A parir sem parar.
A gente não come,
Barriga com fome,
A coceira na vista.
No dia seguinte,
Ouviu de um pedinte,
Que o dono do bar,
Queria empregar,
Um bom balconista.
Servir a cachaça,
E ouvir só desgraça,
Era coisa banal.
Estava empregado,
Vivia ocupado,
Não podia reclamar.
Botequim de esquina,
Que vendia cocaína,
No xadrez foi parar.