Empresa

Dizem que agora da sou classe média,

Embora, labute ainda na mesma praia;

O mesmo cavalo, a raia, a mesma rédea,

Parece que os reis da Pérsia e da Média,

Decretaram o fim da miséria pela vaia...

Vaiar, vaiei a dita, até gastar o pobre U,

E minhas posses não inflaram nenhum til,

Seguem ricos ricando; nós tomando caju;

Digo safardanas que têm a chave do baú,

recusam à força nos devolver o Brasil...

Pior, ver alguns anencéfalos de aluguel,

Soprando a vuvuzela que eles carecem;

Querendo que a gente acredite no Noel,

Que aceite a pífia garapa pelo doce mel,

Que aceitemos a patranha que oferecem...

Não aceito mais que meu berço embalem,

Acordei, quero investir, pretendo crescer;

Certo pensador disse: não há o que se iguale,

A comprar homens pelo que deveras valem,

E revendê-los pelo que acreditam valer...

Se é esse o remédio lerei direito sua bula,

Pois, minha empresa não há de ser pequena;

Vai findar essa sina teimosa qual uma mula,

Vou pagar dez centavos pelo passe do Lula,

E revendendo, humilharei à Mega Sena...