Tiro no pé

Lamento se te fere isso que entrego,

Afinal, não é meu alvo brigar contigo;

Mas, te postas tipo, encaixo teu lego,

Ou, caso adverso, não sou mais amigo...

Sou livre e arbitrário, nenhum engano,

Opressão é do capeta, rei dos horrores;

Mas, há mentes acorrentadas por panos,

E outras, apenas ciosas de bons valores...

Mendigo de valores é o pior dos pobres,

Ignora com quais brasas fazer o Brasil;

E esse trapo sujo do qual hoje te cobres,

Foi minha coberta quando eu era imbecil...

Propaganda fantasia, verdade, apenas é,

Fácil saber, no fim, qual é que prevalece;

Quem cultua verdade admite o tiro no pé,

Quem, bandeiras, erra mais, e não aquiesce...

Após tal acidente claudicamos um pouco

Mas, manquitolando aprendemos a direção;

Enquanto o fanático segue o viés de louco,

Passos firmes e airosos, rumando à prisão...

Madri é aqui, melhor, aí, nesse teu plano,

Escolheste ser touro, parece coisa de forte;

O toureiro lépido se diverte atrás do pano,

E furioso chifras apenas ar, até a tua morte...

Cada cabeça um mestre, escolha, uma cruz,

E parece sábio, no início, abraçar a mais curta;

Quem porfia por valores não teme a dor da luz,

O amante de bandeiras protege quem lhe furta...