DO LADO DE FORA DO PORTÃO

Há!, Quanta saudade que eu tinha,

Da minha mãe, quando eu via a sua

Muito irritada, de chinelo na mão

Brava lhe tirava da enxurrada

Pra dentro de casa te levava

Depois da chinelada, uma roupa seca,

E um prato de sopa quente lhe dava

Há!, que saudade que eu tinha, da minha

Quando sua mãe com dor no coração

Me dava as sobras do seu pão

Quanto inveja eu sentia

Quando seu pai, austero e intransigente

Não lhe dava presente,

Como castigo, porque a boa nota

No seu boletim estava ausente

Que tristeza eu sentia, do lado de fora do portão

Quando eu ouvia, com seus pais brigar

Por coisas supérfluas que não podiam lhe dar

Porque eu do lado de fora do seu portão

Sempre sofro sozinho, os horrores da solidão

Porque na rua onde eu moro

Ninguém tem compaixão, criança abandonada

Tem vida de cão.

Maurí Cândido

Jales, 16.04.01

Mauri Candido
Enviado por Mauri Candido em 15/10/2015
Código do texto: T5415198
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