FORNO

Consciência negra

Pura sabedoria

Menino pobre

Negrinho do pastoreio.

O único aprendizado na roça,

Se quiser sobreviver

A aceitação,

Sem reio.(relho)

Origem altiva.

O ambiente

Que lhe propicia

O aprendiz

No cozimento da madeira,

À feitura do carvão

Corte da mata sem distinção

Em lombo de muares

A cangalha aos fornos

Objetivando a extinção.

Nesse cenário

Na normalidade do cerrado.

Secando veredas,

Riachos,

Afluentes outrora,

Hoje rachando a terra,

Sofreguidão.

O menino matreiro

A arte de fabricar

Os fornos glutões

Uma profissão sobeja

O arquiteto do sertão.

Cava a terra em círculo

A cúpula

Sem qualquer equação.

Uma ferramenta feita

De uma vara verde

Para servir de compasso

Denominada (sinelo),

Singular significado

Do povo da região,

A abobada da capela,

Uma perfeição.

Hoje o feitor artesão

Com muita alegria

Em uma nova consciência

E precisão,

Constrói

Com as mesmas ferramentas

Pequenas grutas

Com o mesmo calor,

Só abrigando

O fervor da fé

Daqueles que a gruta visita

E deixa as suas preces

Para alcançar uma graça!

Junto a CAPELA CISTINA do sertão.

Belo Horizonte,30 de setembro de 2015- Atalir Ávila de Souza

Atalir Ávila
Enviado por Atalir Ávila em 05/10/2015
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