OS ESTRANHOS ... !
São os filhos de pais tresloucados
pela vida...
Viveram em casas de pedaços,
os que só amaram as sobras
de mulheres condenadas...
Os que sorriram com dentes
de areia, calçaram meias rotas
e tênis roubados...
Os que nem foram à escola e
só aprenderam o que lhes ensinou
o mundo...
Os que viveram insatisfeitos,
esquálidos e sujos...
Os que tiveram infância desnutrida,
juventude seca e adultez desvalida...
Os que foram tratados cruelmente
pela vida... apanharam nos becos
e Chefaturas... os que não tiveram
nem amor de mulher nem tiveram musa...
Só viveram amores infectados entre
ratos e baratas...
São os ladrões iletrados, puros
e culpados... homens de pano
e de roupa usada...
Mulheres sem moda e línguas
de trapos.. sem charme, coquete
ou qualquer outra forma... amaram
sem romance, deram-se sem vontade...
São os brutos, os insensatos e vazios,
são os selvagens sem escuderia...
São frutos ácidos da mais valia,
são frutos amargos da falta de
humanidade......
São urubus, porcos magros do esterco...
são batráquios untados de lôdo...
São criaturas que se descarregam
em qualquer canto... que vivem
mal cheirosos e sem asseio,
feitos cancros...
São criaturas, produtos do meio,
meio cruel como cruel é a vida...
Eles são os que servem de teses
de douturado, de plataforma dos
falastrões articulados, políticos
zombeteiros e malvados que acham
tudo normal... que nada é estranho...
São assim, mas apesar de tudo,
são seres humanos que merecem
respeito... e como nada em verdade
é perfeito, muitos sobrevivem ao
destino e mudam os conceitos...!
Este trabalho é antítese ao poema
OS NORMAIS do poeta cubano
ROBERTO FERNANDÉZ RETAMAR...