Embuste supremo
Vai que a velha hipocrisia,
Do cinismo virou esposa;
Foram feitos um pro outro,
Assim como o giz e a lousa;
Ora, saem culpando galinhas
Pelos estragos da raposa...
Sua inserção no alto poder,
Fortalece, não é pra fracos;
Determinam como vai ser,
Eles são luzes ante opacos;
Se têm mesmo notável saber,
Como ignoram nossos sacos?
O fazem com desplante mero,
Aos fatos voltando suas costas;
Nunca são nada do que espero,
Perdemos sempre nossas apostas;
Eis a dura sina do homem vero,
Feito refém de certos bostas...
Financiamento eleitoral, a pira,
Que ora, arde lá no seu real paço;
um devaneia, outro, apenas delira,
a sapiência perdendo o compasso;
se mudando o fomento da mentira,
a bela verdade ganhasse espaço...
nos fazem povo bobo, perdulário,
com tantas moedas boas perdidas;
indignos do leite do velho erário,
curam as chagas com mais feridas,
e lhes pagamos mui altos salários,
pra que estraguem às nossas vidas...
que uma verdade Bíblica agora, temo,
seja o tipo desses falsos, e embusteiros;
aquela tinha tempo como seu terreno,
esses, o valor, dos seus juízos rasteiros,
se isso que vemos é mesmo o Supremo,
deveras, os últimos, que são os primeiros...