EXCLUSÃO
Onde está a chama de teu olhar?
De onde vem este teu desencanto,
Este entrave permeado de temores,
Este travo em tua língua?
Que grades são estas
Desconstruindo o mundo em ti,
Desarticulando teu viver?
Que clamor é este no teu olhar,
Aprisionando-te do lado de fora do mundo,
Entre vagas, entre chagas abertas
Que gritam, mudas, a exclusão de tua voz?
Tua dor é histórica, teu lamento é cíclico,
Porque cingiram em ti a renda vil
Que te sonega a identidade,
Enredando-te em teias de opressão.
Ah, maldito homem que estratifica,
Que segrega, que aparta, que abstrai.
Ah, maldito homem que constroi casas grandes,
Currais, mangueiros e senzalas.
Maldito homem que julga, subjuga e executa.
Maldito homem que se morre... que se mata!