Chilreado exílio
Minha terra tem palmeiras,
corinthians, flamengos, guaranis...
Um papagaio estúpido gargalha na copa da mamoneira:
- A Copa será no meu país!
No Senado, sobre as verdadeiras bandeiras,
goteiras homeopáticas lhes dão a nova cor fecal
das dejeções politiqueiras
vestidas de orgulho nacional.
Minha terra tem palmeiras,
santos, botafogos, cearás...
Os times que aqui goleiam
deixam muito a desejar.
O papagaio gargalha, assovia, diz besteiras,
abre as asas definhadas, espreguiça orgulhoso aprendiz.
Camuflado no verde pitoresco das folhas de mamonas em fileiras
espraiadas por terrenos e campos baldios.
Gargalha na copa da mamoneira:
Nosso futebol é de várzea,
Nossas estrelas são produto de exportação,
os times que aqui goleiam
não goleiam como lá...
Minha terra tem palmeiras
e uma seleção pentacampeã mundial.
- Vai ter Copa no Brasil!
- na copa da mamoneira
num terreno baldio.
E os estádios de lá
nem são tão caros quanto serão os de cá.
Os times que aqui goleiam
deixa pra lá...
O papagaio criado engaiolado
come mamona e morre envenenado.
Tivesse crescido liberto, quiçá
soubesse o que chilrear
ou o que manducar.