EXILADOS
EXILADOS
Antes num passado distante
Poderia ser um viajante
Andarilho, sem destino, sem rumo
E agora? Foram jogados fora?
Fogem de seu próprio ninho
Seguindo qualquer caminho
Mundo a fora em busca de tudo
Encontrando o nada
Muitos, milhares, milhões
Pés cansados, mãos estendidas,
Sempre prontos a partir
Sempre prontas a receber
O que os outros não ousam repartir
Eles mesmos podem dividir
Um pouco de água, uma fatia de pão
E querem não sofrer em vão
Além está a frágil esperança
Percebida no sorriso de uma criança
Sempre com medo da vingança
De algozes cruéis na liderança
O mundo era uma bola colorida
Girando ao redor da própria vida
Agora é uma bola cheia de lama
Para quem sequer tem uma cama
Alguns com medo do futuro
Correm a erguer imenso muro
Outros anunciam alguma ajuda
Sem saber o cume da desventura
Pessoas morrendo sem cruzar
Oceanos profundos, cruel mar
Pessoas morrendo de dor
Por abandonar o grande amor
Presente triste, destinos incertos
Dentro deles vivem espíritos libertos
Das correntes da escravidão
Que os ameaçam, mas não tragam
Sua única vontade seguir em frente
Então dispersos nas multidões
Já não tem raça, credo, cor
São todos humanos em dor
Exilados, refugiados, fugitivos
Marcados por tanto suplício
E os governantes em exercício?
Comentam aqui, gesticulam ali
Não tem solução para tal sacrifício?
Não podem livrar-los do martírio?
Enquanto poderosos nada fazem
Os corpos jazem ali mesmo a morrer
Escorregando para o corredor
Final de seus dias em certa agonia
Ao longe a dramática melodia
Anuncia mais vítimas para o outro dia
Do espaço pode-se ver a cinta cinza
Que emana do planeta em dor
A fumaça que sobe tristemente
Anunciando a total reprovação
Mais uma vez assassinaram
O Cristo, o Redentor, o Rei do Amor
Ao fechar a porta para o próximo
Que só pedia um pão, por favor.