Estórias que se repetem
Gilberto Carvalho Pereira – Fortaleza, 9 de setembro de 2015
Multidão fugindo de guerras, morte,
Procurando refazer o seu destino
Muitos encontrarão má sorte,
Em naufrágios ou clandestinos.
Nesta situação esperam socorro,
De nações prósperas e opulentas
E são tratados como estorvo,
Expulsos de maneira virulentas.
As consequências são muitas:
Fome, desesperança e tragédias
Às vezes cruéis e fortuitas,
Transformando sofrimento em comédia.
Tragédias anunciadas e vividas
Sem propósito de ser e acontecer
Trazendo o estigma dos apátridas
Ou fazendo criança adormecer.
O pequeno barco naufragou,
Levava criança, adulto, idoso,
O mundo, envergonhado, chorou,
Quando mil imagens o fez culposo.
Uma vida de apenas três anos
Ceifada pela ganância e desprezo,
Marcando como fatos arcanos
De seres humanos vesgos.
Estória que se repete,
Como náufragos da humanidade,
Anunciada ao som de trompete,
Como ecos dessa bestialidade.