SUPERANDO O CAOS
Por: Tânia de Oliveira
 
Sem energia, mesmo assim, ele  levantou-se de seu sono doentio
Desde que "a patroa" morrera que não tinha vontade de mais nada
Foi até o quintal sujo, cheio de entulhos, e escarrou os pulmões
Tudo era desolador tanto no ambiente externo quanto no interno
Mesmo assim andou até a mesa,  para pegar o copo de pinga
Mas as moscas sobre o copo, conseguiu que ele sentir-se repulsa
O papagaio preso pelo pé sujara toda a cozinha de fezes, com fome
Voltou pra cadeira e ficou olhando tudo em sua volta, era um caos total
Relembrou os filhos pequenos correndo pela casa e enterneceu-se
Vestiu a camisa amassada e mesmo envergonhado, decidiu rever a neta
Atravessou a rua, com a perna puxando o chinelo, quase como um robô
Bateu na porta, a netinha estava brincando, mas levantou-se ligeiro
Abraçou o avô com toda força, que só os anjos sem asas possuem
E ele chorou como se ele fosse a criança ou a neta, não o adulto, o avô
Ficou ali alguns instantes abraçado com aquele ser,  cheio de energia
Abasteceu-se então. Almoçou e disse para a filha: venda tudo aquilo
Deixei neste instante a bebida e vou morar aqui com vocês. E assim foi.


 

Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 08/09/2015
Reeditado em 29/09/2022
Código do texto: T5374782
Classificação de conteúdo: seguro