DESCRENTE
O homem perdeu - se no vazio do tempo
Quedou sem lembranças no esquecimento
Parado pensante não traz na memória
Os tempos de gloria em fiel alento.
O homem se foi no esplendor da idade,
Buscou tanta coisa e nada encontrou,
Voltou cabisbaixo sem eira nem beira,
Levou só rasteira de pé não ficou.
O homem capenga na sua história,
Sequer rememora que lhe restou,
Não brilham os olhos na busca da vida,
Não cura a ferida que o leva ao pavor.
O homem fagueia nas ruas sem nada,
Não vê a verdade que ele negou,
Só sai macambúzio buscando uma estrada,
Mas nada encontra, pois nada sobrou.
O homem tolera que gritem consigo,
Pois não tem ouvidos pra tanto clamor,
Não vibra, não canta só olha pra frente,
Esqueceu-se que é gente sequer tem rancor.
O homem que vaga já não crê em nada,
De pé na calçada não vê os que vão,
Só busca descanso em batalha vencida,
Perdeu para a vida, está ausente de chão.
Esse homem sai trôpego e sem consciência,
Não sente a carência sequer tem pudor,
Lhe falta coragem, é vil passageiro,
No túnel do tempo tal qual um robô.
CRS 22.06.07