O operário

Os prédios prendidos no chão,

Erguidos com massa e concreto.

Arranham os céus que pela mão,

Se ergueram como decreto.

Firmando no céu e no torrão,

Sua marca, seu não, seu credo.

Gritando em meio a multidão

O que se grita num mundo incerto.

A incerteza da verdade,

A verdade incerta.

a vida entregue a banalidade,

Nesse concreto de cor decerta.

O suor que nas vistas arde,

Limpado com o braço na testa.

Trabalhando até mais tarde

No prédio de construção ereta.

O operário operando o que se constrói,

Enquanto o que o opera seu sonho destrói.

Se vendo longe da paz verdadeira,

Tendo em mente a vista derradeira.

O pôr-do-sol metálico

Em seu corpo feito chapa.

Na calçada de vermelho trágico,

Estende-se o seu pouco feito em papa.

Tingindo o frenesi louco,

Da indignação que nos basta.

E depois como memória, num sopro,

Tudo isso que se viveu, se acaba.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 30/08/2015
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