Escravidão
Dizem que a escravidão acabou,
Mas me diga por favor,
Porque todas as vezes que ando na rua,
Penso que isso é mentira sua.
Vejo nas sinaleiras, becos e vielas,
O retrato do avesso,
Do moleque sem endereço,
Que tenta a vida ganhar,
Estão lá a gritar seus produtos,
Como meio de sustento,
E pro coração um alento,
Pra na marginalidade não entrar,
Disputando o cliente que quase não o percebe,
Passando sem olhar nem de leve,
Lá continua então na disputa do tostão,
Pra manter a dignidade,
Em busca de mais igualdade,
Fugindo da margem da sociedade,
Mas o que tudo isso tem a ver com a escravidão,
Se ele estão lá lutando como livres cidadãos,
É que a cor até hoje não mudou meu irmão.