Um olhar atravessa o MINHOCÃO... A critério de quem vê!
Nestes horários onde o transito para,
pairam odores poluídos por carbono,
urina, excrementos e lixo e mais lixo
debaixo do viaduto imundo;
repleto de trecos e troços, e gente!
Sobre o asfalto sangra o esgoto,
sangram mendigos, sangra o óleo vencido...
Um mar de luzes de freios
anunciam segundos, minutos, incontáveis minutos
de tempo perdido... Malditos!
Há um viés de atrocidades no lamento das buzinas,
dos pés cansados aprisionados no calçado,
na irá de quem freia, acelera, freia e acelera e...
Xinga-se a vida, a noite mal dormida,
a transa mal sucedida e a todos
e o som do transito VI(O)LENTO.
Há um viés de atrocidade no asfalto,
na tintura vermelho "improviso",
no sangue do motoboy e do ciclista,
na faixa apagada, no semáforo "esquecido"...
No sangue vermelho "VIVO"
do pedestre MORTO no cinza asfáltico.
Cinzas no ar, fezes e urina no chão,
comércio abatido, desprovido, desgastado,
sofrível e horroroso MINHOCÃO...
Milhares de centímetros cúbicos de concreto armado,
armagedônico, morto_vivo em retratos visíveis.
O museu de retratos colados se agiganta
na garganta umedecida das pilastras,
apesar da cegueira cultural que se alastra
e do vandalismo irracional que o ameaça,
sob a "cultura imbecil" e "animal"
do PIXO PORQUE PIXO??????????????????
Sofrem dos mesmos tormentos,
inquilinos, proprietários e os "passageiros"
neste universo estrutural "Minhoqueiro"...
Sofrem as narinas com os gazes fétidos,
sofrem os tímpanos com o som indirecto,
sofrem os "sujos" sobre o cimento escarrado.
Há vida acima. Nos andares superiores
e há tormento, desassossego e temores.
Há um som castiço invadindo janelas,
quebrando o silêncio e rompendo a paciência...
Persistente frente a sofás, indiferente, indecente.
Haverá uma qualquer visão de esperança,
pintada por debaixo das ciclo faixas,
tingida de vermelho e reexaminada em protocolos.
Haverá sossego? Atropelamentos pré-anunciados,
protestos e arranjos "sinalizados" e banalizados,
EU apenas enxergo o que não veem,
aqueles "HOMENS AUSENTES" e indiferentes...
Enquanto o transito segue a 50 km... Lentamente.
Texto escrito em 22.07.2015, enquanto a paciência era exercitada. Meu olhar, meu "desfrute" diante de um cenário degradante, mera observação de um "poeta" aprisionado em um Coletivo naufragado num mar de carros barulhentos e imobilizados.