Índios
Quando o sol for o caminho exato
Encontrar sabe-se-la o que
Na terra perdida do nunca
A cor fúlgida de nascentes florestas
È o cinza das cinzas que dela sobraram
Um bordel de mágoas e dor
O sangue lava a honra
Das desonras que deles se fizeram
Bulício de gente fraca e pobre
Armas nas mãos e angústia no coração
Pagar a alma fria com dinheiro e poder
Triste verde!Desonra fatal!
-Boêmio, paga vossas dívidas,
com o sangue dos nativos incrédulos
que pousam sobre ti confiança
troca o preço da dor com espingardas
prontas para atirar, prontas para matar
como animais famintos de miséria e horror.
Soberba luxúria
Mais ouro,berlindas, mais dor
Constrói a vida sobre a morte de outrem
Ourives desdenha vossa pátria!
Usa o que é vosso, pois dele sobrou o pó
E ainda vendem como jóias raras e nobres
Canções a lua,terra, céu, mar
Venerando trovões, ridículo?
Talvez o fosse
Mais ridículo seria venerar
O amargo vermelho de teus pulsos
Pela miséria descabida do nada
A tristeza vazia de fúnebres canções?
03/09/04