Eu Quero a Ira!
Queria mesmo é ficar estressado!
Ficar com raiva, com ódio, cólera
Coração flamejante que rasga o que vê!
Pois a raiva me faz querer espancar
Querer bater até sangrar!
Mas não a ira desmedida
Mas sim a gana por princípio!
Aversão ao que me enoja
Fúria essa que consola
Me mantém vivo, ofegante
Me mantém sempre exausto sem descanso!
Não me deixa parar de correr sem antes vencer
Não me deixa parar de dançar sem antes alcançar
Não me deixa parar de gritar até ouvirem
Não me deixa parar de me opor até mudarem
Não me deixa parar de quebrar até consertar
Aquilo que homens com demasiada calma ousaram estabelecer!
Eu quero a tentação, quero o inferno dentro de mim!
Quero sentir em minhas veias a revolta correr
Esse rancor que só cresce e nada o obstrui
Que idolatra a revolução de si, para si, para o mundo!
Te odeio por princípio brandura enferma!
A inércia trás a paz, a paz trás o tédio
E o tédio mata o espírito, pois o que não move
Só pode estar morto!
Se for preciso matar, matarei!
Matarei o que creio, o que faço, o que penso!
Se for preciso, sangrarei
Até que as ofensas escorram envergonhadas!
Se for preciso, serei hipócrita
Porque meu passado irrevogável não torna menos digno o que faço!
Se for preciso, deixarei pedra sobre pedra
De castelos que levei anos para construir!
Se for preciso, tratarei o restante com a morte
Porque não será ela que irá travar minha eterna ira!
Irem-se os homens
Irem-se os animais
Ire-se o mundo e Deus se ele puder
Façam o que querem
E destruam todo querer
Pois se este assim se desfez, não era vontade, não era você!
Enfureça-se com o mundo
Mas antes, consigo mesmo
Mas antes, com a própria fúria
Pois se seu caminho não é a cólera
Se reduzirá a calma doentia
Que impõe sua ordem, até parece sua ira, mas de certo não é!
A ira é meu caminho
A ira é o caminho
Confusa em dúvida quando nascer
Perdida em certezas quando morrer
Mas irada enquanto viver!