NO ÓLEO DA MÁQUINA DO ESTADO

são poucos os passarinhos que voam

são poucos os peixinhos que nadam

são poucos os porquinhos que fazem casas

são loucos os homens que amam

são pobres os políticos que governam

são pobres os policiais que mantém a ordem pública

são pobres os pilares da nossa república

são cobras os que chegam ao poder nessa podridão

esses dias eu tenho pensado bastante

no que basta a um homem na humildade

no que basta a um homem nessa cidade

onde a perversidade se fez verbo

e se tornou verdade e verba desviada

eu vejo as bestas do apocalipse em marcha

veja, isto é uma época nefasta

não vejo nada nas páginas da revista

não ouço nada nas palavras de revolta

não tenho nada na minha mão direita

não digo nada sem meu advogado

apenas meu fígado está sendo fritado

no óleo da máquina do estado

e assim estou aqui

para mais um dia de dilaceração...

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 09/08/2015
Reeditado em 10/08/2015
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