O ovo da jiboia
De olhos vendados
Voluntários kamikazes
Inabaláveis idealistas
Altruístas e românticos audazes
Injustiçados, maltratados
Exilados escondidos
Camuflados perseguidos
Agrupados nas pastagens
Aos poucos inseridos
Articulados, aguerridos
Organizados incumbindo
Com vontade as igualdades
Reconhecidos por capazes
Associados alinhados
E em quase todo caso
Atrelados aos que antes condenavam
Transformados
Mancomunados malversados
Já formados nos meandros
Dos abjetos tratados
Semidestronados, acusados
Desgastados, esmerilhados
Condenados pelos que antes
Só sonhavam acordados
Emplumados, porém
Disfarçados nas antigas indumentárias
Implausíveis sombras
Dos fantasmas do passado
Demorada essa descrença
Maldita desesperança
Que a polícia regurgita
Sobre a plebe rude em febre
Com o petisco meio amargo e meio tarde
Com o ponche cheio d’água
Com esse choro que inicia sem consolo
Descobrindo podre até a sua cara-metade