Seca
Seca, sequidão
implora o o povo do sertão
para sair desse destino
de chuvas de espinhos
cravados em redemoinhos
os cobertores de almas
sedentas.
Seca
devolva a vida
para o nordeste respirar
você já trabalhou duro na arte de matar
matou a mata, matou o verde
secou as lágrimas dos olhos
chorou pela pele
o menino suando.
Na seca,
deitou a boiada
no pasto marrom
sobe a fumaça
do boi queimando
na seca desbotando
e os ossos restantes?
brinquedos flutuantes
nas mãos da esperança
sonho de uma criança.
As mão estendidas
com rugas de sofrimento
sentindo a seca
vem da terra a prece
elevada aos céus:
"Manda a chuva aos filhos seus
o que vem de cima
o sem amor não assassina.
Seca vai embora
não castigue mais que sem culpa chora".