CASA DE TAIPA
Morar em casa de palha
É uma coisa do cão:
O vento levando o teto,
A chuva molhando o chão
E o besouro barbeiro
Fraquejando o coração.
A parede feita a mão
(Bolo de barro amassado).
Segurando a estrutura,
Em vez de concreto armado,
Uma vara de marmelo
De um jeito atravessado.
Um graveto na fogueira,
Nenhuma cama nem rede,
Uma esteira pelo chão,
Um retrato na parede
Guardando eterna lembrança
Da flor que morreu de sede.
Sobram no canto da casa
Uma viola gemedeira,
Um fole de oito baixos
(O pé-de-bode da feira),
Dois amores de outros tempos
E uma saudade matadeira.