CASA DE TAIPA

Morar em casa de palha

É uma coisa do cão:

O vento levando o teto,

A chuva molhando o chão

E o besouro barbeiro

Fraquejando o coração.

A parede feita a mão

(Bolo de barro amassado).

Segurando a estrutura,

Em vez de concreto armado,

Uma vara de marmelo

De um jeito atravessado.

Um graveto na fogueira,

Nenhuma cama nem rede,

Uma esteira pelo chão,

Um retrato na parede

Guardando eterna lembrança

Da flor que morreu de sede.

Sobram no canto da casa

Uma viola gemedeira,

Um fole de oito baixos

(O pé-de-bode da feira),

Dois amores de outros tempos

E uma saudade matadeira.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 15/07/2015
Reeditado em 16/07/2015
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