Herança Maldita
Numa pequena cidade havia
Um homem que logo cedo
Seu cigarro acendia.
Uma dose fumegante de café.
Ritual iniciado:
Corta fumo, enrola o cigarro, “lembe o papé”...
Esse é o primeiro do monte a ser fumado.
Passa pela estrada
Antes de ‘raiá’ o dia
Mais uma brasa apertada
Companheira da hora sombria.
Uma tosse, uma fungada
Fumaça no nariz, no pulmão.
Já levanta a ‘fiarada’
Logo ‘pedino’ pão
‘Tentano’ ‘vencê’ a fumaça
E do pai ‘recebê’ ‘benção’!
Cofe, cofe, cofe! Continua ladainha.
– Larga esse troço ‘home’ de ‘Deus’...
Pensa nos ‘fios’ teus!
– Me ‘dexa’ que a vida é minha!
Isso foi numa pequena cidade
La do meu interior.
Recordo com muita do meu querido avô.
Que fumou sua vitalidade
Herança ‘mardita’ deixou!
Hoje não tenho liberdade...
Triste sina!
No leito dum hospital,
Vejo minha pequenina
Sofrendo com meu mal.
Que terrível!
Que cena horrível, desgraça!
Do pai a privei
Seus sonhos roubei.
Agora tudo virou fumaça!!