Excluído
Uma poesia do meu grande amigo e colega, Professor Arivaldo Souza Machado.
Não tenho na pele a sua cor,
Na sociedade, o seu valor,
Mas sou como você.
Se estou nas ruas fazendo malabarismo,
Do seu carro me observa aos risos
E finge não me ver,
Mas sou como você.
Hoje fui ao mar, quis me banhar
Lá estava você em meu lugar
E faz que não me vê,
Mas sou como você.
Na areia da praia não pude pisar,
Não tinha dinheiro para pagar,
Mas eu vi você e você me viu
Mesmo assim seu lugar, comigo não dividiu.
Eu sou seu excluído, tá bom, não faz mal
No fundo, no fundo tudo é igual.
Mas você, você pode me ajudar.
Me tirar das ruas, me educar
Me levar ao mar, ao seu apartamento.
Mas entendo o seu momento.
Cá fora tudo dá medo, tudo é desigual.
Mas eu, eu sou como você
Eu te vejo, tu me vês.
Não sou diferente
Ando, corro, brinco, choro, canto, sou gente,
Mas o mundo não me vê.
Não me vê como vê você.