MARIA DAS DORES

Das Dores tornou-se áspera

Com as cruezas da vida

Os verbos malditos soaram

Centenas a cada vez

E o sangue das entranhas

Nega um filho ao fim do mês

As cólicas, as depressões

Ausência de gravidez

Truculências do seu homem

Amor com insensatez

Atormentada a menina

Trota no bravio cavalo

Chora, lamenta a sina

E apesar dos abalos

Segura a sorte pela crina

Na montaria galopante

Não pode ter o bom senso

Do marido

Nem do amante

Vai atrás da sorte rara

Feito ouro, diamante

A ponte para entender

É uma linha cortante

Das Dores vai se perder

A morte que trai a vida

Fica difícil de interromper.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 25/06/2015
Reeditado em 25/06/2015
Código do texto: T5289071
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