Grande Sertão: Veredas 2007
GRANDE SERTÃO: VEREDAS 2007.
Condorcet Aranha
Nesses sertões brasileiros,
Na minha infância querida,
Via tantos boiadeiros,
Pelas estradas da vida.
Passavam bois e boiadas,
Regidas por cavalheiros,
E eu criança intrigada,
(Dizia:):
Por quê chamam boiadeiros?
Na minha pura inocência,
No cavalo é cavaleiro,
E achava com consciência:
Quem monta boi: Boiadeiro.
Mas, são coisas do passado,
Que hoje fico a recordar,
Tal qual aquele ditado,
Que consegui me lembrar:
Lá em cima daquele morro,
Passa boi, passa boiada,
Passa até o meu avô,
Com a cueca remendada.
Mas volto agora ao presente,
Ao novo “Sertão: Veredas”
Boiadeiro é “inteligente”,
E usa blusas de seda.
Veste terno com gravata,
E até preside o Senado,
Nos conta tanta bravata,
E nos deixa envergonhado.
Nesses sertões brasileiros,
Quase não vejo as boiadas,
Vejo o avô, não boiadeiros,
De cuecas remendadas.
Sinto hoje, Rui Barbosa,
Vergonha em ser brasileiro.
Sertão? Guimarães Rosa,
Só tem hoje um boiadeiro
Podem crer meus co-irmãos,
Desse povo altaneiro,
O sertão está nas mãos,
De bem poucos boiadeiros.
Quem fica a ver as estradas,
Dos sertões tão brasileiros,
Só vêem passar boiadas,
Do senhor Renan Calheiros.