LOOK das RUAS

Chovem pedras de fogo

no buraco embaixo do céu

aonde esfomeados roem os ossos do vício

e as sobras do tédio meu,

na bolsa de valores macabros

navios fantasmas tão negreiros

quanto as ditaduras

acendem as cabeleiras das estrelas rasteiras

com as notas de cem arrancadas das peles

dos crucificados nos morros das estatísticas

Na minha sala de troféus

garrafas vazias

de whisky revelam

as roupas rasgadas penduradas

na favela da ética protestada do sistema,

aonde a divindade recorrente

atira hóstias sentada no abandono das chaminés

e o tudo permitido a todos

é um truque,

e o look das ruas

é o rosto cortado da noite

deixado sangrar pelos sonhos esquecidos

tão desvinculados de raiz

que a humanidade, finalmente,

é apenas máquina de servir