Quanto Vale o Show?
Lama lodo plano morro terra asfalto mato.
Parede de madeirite, telha de amianto.
Eu não me encaixo.
Minha tv, meu caixão –
Primeiro assalto.
Apê hightec cores lustres cascata vidraças quadros.
Madeira de lei, couro, marfim, mármore.
Eu não me acho.
Meus controles, minha ação –
Meus capachos.
O que me pertence?
O que me contem?
Onde estou contido?
De quem sou refém?
Eu bandido!
Contra tudo contra todos,
Do escalão de cima abaixo.
Acomodados.
Animados.
Entretidos.
Empesteados
De ilusão.
Eu não tenho razão,
Mas estou comigo.
Infernizado.
Punho cerrado.
Mal encarado
Nessa multidão.
Eles tocam o terror,
Eu busco amor.
Ainda que não seja desse mundo,
Eu quero sê-lo.
De verdade e não profundo –
O amor é leve e quer voar.
Pra ser o que é.
(O que for)
Deixar ser...
(Deixe estar)
Esse mundo não é meu.
Esse eu não é desse mundo.
Falsidade de toda maneira
Pra subjugar.
Quer falar? Vai falar o que?
A felicidade é um engano.
Quem revela?
Cine matinê.
Eles tocam o terror.
Ainda que não seja desse mundo,
Eu quero ser o amor.
De verdade e não profundo –
O amor é leve e quer voar.
Pra ser o que é.
(O que for)
Deixar ser...
(Deixe estar)
Esse mundo não é meu.
Esse eu não é desse mundo.
Eu trabalho a vida inteira
Pra ser sub humano.
Pra ser o que nem sei quem sou.
Raça crença e valor...
Quem me paga?
Quanto vale o show?