O OPERÁRIO

O operário no andaime alcança a altura,

por instantes refaz-se à luz liberta,

abre os braços agora duas asas

e dissolve-se ao ar e a tudo em torno,

feito um deus renunciando à divindade

para ser passarinho a mais no céu.

O empresário, porém, assim permite

só durante o consumo de seu voo

e depois de sugado o espreme ao fundo

mais profundo da fábrica faminta;

aos puxões do motor em sua fibra,

volta a ser um pozinho a mais no chão.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 01/06/2015
Reeditado em 02/06/2015
Código do texto: T5262582
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