O OPERÁRIO
O operário no andaime alcança a altura,
por instantes refaz-se à luz liberta,
abre os braços agora duas asas
e dissolve-se ao ar e a tudo em torno,
feito um deus renunciando à divindade
para ser passarinho a mais no céu.
O empresário, porém, assim permite
só durante o consumo de seu voo
e depois de sugado o espreme ao fundo
mais profundo da fábrica faminta;
aos puxões do motor em sua fibra,
volta a ser um pozinho a mais no chão.