Triste cotidiano

Numa acalorada discussão

Disse, enfim, o cidadão

Que nada havia feito

Aqui há muita gente

Sou sujeito decente

E exijo respeito

A moça revoltada

Perguntou indignada

E foi quem então?

Um zumbido surgiu

Um escroto sorriu

Entre a multidão

Eu que estava atrás

Observei um rapaz

Meio sorridente

Pensei ser preconceito

Achar ele o sujeito

Cafajeste, indecente

Calado, então fiquei

Até que reparei

Algo, ele ocultar

Parecia um pingente

Dourado, reluzente

Um brinco ou um colar

Igual ao que da mulher sumiu

E ninguém sequer viu

O sujeito isso furtar

Um policial dedicado

Falou com o acusado

O caso foi investigar

Depois de muito moído

Não se chegou a um veredito

E a viagem continuou

Uma mulher estava sentada

Depois pediu parada

E em instantes largou

Antes do ônibus partir

Ela, irônica a sorrir

Mostrou o colar roubado

Depois na carreira abriu

Até que enfim sumiu

Com o objeto furtado

Se não fosse o preconceito

Que tiveram com o sujeito

O colar podia ser recuperado

A que era menos suspeita

Foi então a ladra sujeita

Que fez o crime praticado

Uma história sem graça

Que muito se passa

No nosso dia a dia

Passageiros assustados

Lotados, assaltados, maltratados

Andam em constante agonia.