UM PEQUENO CASO DE ABANDONO
Ninguém sabia ao certo nem o nome,
sequer se dente havia, a cor dos olhos;
da pele, um couro escuro sobre os ossos.
Somente reparavam, lá na praça,
a reles pouca massa animalesca,
que a feito desastroso, fez-se humano.
Até que em raro triz de ver em torno,
notaram a pracinha sem floridos.
Aproximando, acharam o cadáver
do nada-gente, que era, na verdade,
embora não soubessem, guardião
daquelas vidas verdes, da singela
nobreza tida apenas por libertos
do lôbrego porão da estupidez.