MENINOS DE RUA

TOSCANITOS

Tão pequenos e já grandes!

Humanos e também desumanos;

Seu sustento, quem garante?

São conhecidos por cognomes.

Vivem a perambular

Pelas praças e jardins;

Alguns cola a cheirar.

São crianças, guris.

De onde eles viriam?

Dos becos e favelas;

Vêm da periferia,

E também da cidadela.

Margeiam caminhando,

Margeando paralelo;

Pra uns, grotesco,

Mas pra outros, belo.

Alguns fogem

Dos castigos e maltrato;

Buscam quem lhes olhem,

E reverta esse estado.

Vagueiam

E o tempo passa;

Vadeiam

Com comparsa.

São vítimas de quem?

Do destino ingrato?

Ou da sociedade,

Que não considera esse fato?

E os culpados,

É quem? O governo?

Ou os pais?

Ou seria nós todos?

Eles também sonham,

Mas acordam antes do fim;

Uma sina os acompanha;

Mas tem que ser assim?

São vítimas do desamor,

E também da crise;

O pão do lar faltou,

Todos ficaram tristes.

E veio a incerteza,

Que o pai buscou ocultar,

Afogando a sua mágoa

Em tragos e tragos, no bar.

Pra não ver essa miséria,

Só saindo a voltear;

Talvez alguém lhe espera,

E queira lhe ajudar.

E, assim, são presos,

E são tragados pelo mundo;

Alguns escapam ilesos,

E outros serão vagabundos.

Parecem de pedra;

Retrato sem moldura;

Como seres não da terra,

São eles “os meninos de rua”.