O camponês

O camponês dá carinho à sua terra,

como carinho dá o filho à sua mãe.

O camponês, tempos atrás cultivava

seu sustento,

hoje o que faz

sustenta o banco

e mais alguém...

O camponês bebia

água da fonte.

Hoje tem sede,

a fonte secou também.

O camponês ainda cultiva sua fé, olha pro céu pra ver se ajuda vem... O camponês se une com outros roceiros. Se organizando, algum dinheiro até que vem... Se a coisa aperta o camponês busca

outras terras onde há promessa de uma vida que convém.

Se não dá certo,

o camponês vai

pra cidade,

Ser favelado,

bóia-fria, zé-ninguém.

Lembra da terra,

sua mãe, o camponês,

e reforma agrária

ele quer fazer também.

Se não conquista a terra,

o camponês morre de tédio,

pois a cidade para ele dá desdém.

Mas, quando morre, o camponês conquista terra,

embora sejam poucos palmos que lhe convêm.

Mas pouco tempo pra usá-la tem o camponês,

já que logo outros roceiros também vêm,

disputam a terra pra descansar também...

(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).

Luiz Carlos Flávio
Enviado por Luiz Carlos Flávio em 24/04/2015
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