Índio

O homem de rosto pintado,
peito despido e saiote de capim
vibras as suas maracas
e pisa forte no chão que foi seu,
porque a si nem a outrem, nunca pertenceu.

Da esperança dos bravos, escapa-lhe um canto;
e da tristeza dos banidos, um triste lamento.

Perdeu-se o cheiro bom da chuva,
que suavizava a dor de viver.
Perdeu-se a luz da primeira estrela
que antes embalava o sono da Terra.
Perdeu-se o rio,
perdeu-se o mato.
Perdeu-se o Brasil.


 
Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, outono de 2015.