Grão no palco
Há um grão ali parado
apontando para a tua mão,
braço cruzado.
Há um pão partilhado
na direção da boca
do menosprezado.
Tem um fim cada minuto
que não chega na história
do teu ouvido.
Tem um cheiro nostálgico
cada passo direto
do teu futuro esperto,
mas doloroso, recaído.
Não cessa a corrente
e o ar desmente,
toda partilha é o engodo
dos sorrisos.
Mas basta olhar para frente
e ter em mente a consequência
de uma crença.
Ter de volta os olhos
vizinhos que avistam a alma.
Ter de volta a calma
dançarina do palco
que é o coração.