MAIS UMA, MARIA

Naquela noite, Maria sentiu a diferença no olhar do filho.

Ainda tentou dissuadi-lo de sair, mas não conseguiu.

Bruno sorriu e foi.

Ela sabia as escolhas do filho e sofria.

Bruno, quatorze anos.

Um dos seis filhos.

Bruno, único que cedeu a realidade da comunidade, apesar dos conselhos, corretivos e mais todas as tentativas.

Mas, aquela noite... Havia algo diferente no olhar do menino.

“Maria!” sentiu o grito com uma pontada do coração!

Viu quando a vizinha, Olga, entrou porta adentro...

“Corre! O Bruno foi baleado”.

Não foi.

Foi até o quarto dele...

Escolheu uma muda de roupas;

Separou os documentos...

E aguardou.

Sozinha...

Sabia que não era a única mãe...

Só queria que tudo aquilo terminasse...

Pra que outras mães não sofressem...

Como ela;

Que era...

Mais uma Maria que enterrava o filho.