Sobre o Lago
Quando separa teus lábios
da boca saem só mentiras,
mas são tantas que amedronta o sábio,
são tantas que não erram a mira.
São uma multidão de parasitas,
é isso que me parece ser.
Sugam toda sujeira das palafitas
verdes e podres, mas que já foram bonitas.
São almas que flutuam sobre a água,
água qual abriga todos os rancores,
culpa, ódio e toda nossa mágoa,
monstros quais destroem amores.
Então coma a podridão
e vomite sem parar
tudo aquilo que não podes pôr a mão
distorcido pelo ódio, num clarão.
Levam daqui todas as maravilhas
e tudo o que dizem sobre o ser.
Diz que todo filósofo escraviza,
enlouquece, mas se enlouquece por poder ver.
E se queres se livrar,
não hesite em apenas ser.
Não quer, se não queres batalhar;
primeiro nós lutamos para depois poder amar.