A ÁRVORE QUE MEU PAI PLANTOU

Meu pai foi um homem simples,

De sorriso encantador,

Simpático com todo mundo

E muito respeitador.

Por isso, em nossa cidade,

Fez um círculo de amizade

De invejar qualquer doutor.

Gostava de dizer loas

Quando bebia aguardente.

E os versos que ele dizia

Eu trago todos na mente.

Os seus olhos tinham brilho

Quando dizia a um filho

Que um homem sério não mente.

Com mais de sessenta anos,

Meu pai não se acomodou.

Filhos, já tinha à vontade,

Mas livro não publicou,

Pois seu estudo era pouco,

Porém já cansado e rouco,

Uma árvore plantou.

Em uma pequena praça

Da Rua José Gaião

Meu pai cavou um buraco,

Dando enxadadas no chão

E plantou uma mudinha

Com esterco de galinha

Chegando terra com a mão.

Com muita satisfação

Da plantinha ele cuidava.

Fez uma cerca de arame

Limpava o mato e regava.

Espiava todo dia

Pra ver como ela crescia

E vez por outra adubava.

Foi um pé de Pau Brasil

Que ele plantou nessa praça,

Na frente de nossa casa,

Onde muita gente passa.

Mas alguém matou a planta...

Senti um nó na garganta

E a praça ficou sem graça.