Tiro no pé

Tiro no pé

Ronca, com zanga, o férreo mangangá

tossindo óleo diesel

com seus dentes sérreos, afiados e famintos,

furioso, o verde devora...

Choram, aos tombos, mangueiras, coqueiros,

jaqueiras, jambeiros, macaibeiras e ingás;

barrigudas e imbaúbas...

Sem casas, anus, bem-te-vis, sabiás;

teiús, serpentes, calangos

raposas, saguis e preás

fogem todos às pressas, vão embora...

O bicho invadiu o seu lugar

E o homem, em seu ventre pétreo, pare a cidade

e descortina um abismo,

amamenta o egoísmo

para depois reclamar

o dióxido em seus pulmões,

a sua vida que desseca

e o sol que escalda seu corpo

sobre um amontoado de cifras,

de insensatez e ambições.

Beto Acioli

20/03/2015