BOCAS

BOCAS

Paulo Gondim

15/03/2015

São bocas grandes, muitas bocas

Cada uma maior do que outra

Bocas imensas, arregaladas

As mesmas outrora esfomeadas

Mas que foram alimentadas

E agora se abrem novamente

Bem maiores, descontentes

Todas cheias de comida

Entre poucos dentes

Enfastiadas, indiferentes

Num gesto inconsequente

Abrem se no sorriso frio

Tétrico, doentio

Riem de sua própria desgraça

Que aos poucos se avizinha

E continuam abertas, sujas

Soltam larvas, não palavras

Bocas grandes, infinitas

Cospem no prato cheio

Que antes foi vazio

Bocas que já foram famintas.