OS MENDIGOS
Deitados no barraco, lado a lado,
Eles dormem, pai, mãe, filhas e filhos;
Um chão lastrado de desventurados
Que da miséria fazem a partilha.
Neles, o pesadelo da pobreza,
Somado à letargia da fome,
Nega-lhes até, da utópica mesa,
O repasto que só no sonho comem.
E quando acordam, sujos, desgrenhados,
Partem a mendigar pela cidade;
São só espectros humanos relegados
Ao triste fado da mendicidade.
Bem poucos cuidam desses desvalidos,
Para alguns, valem menos que animais,
São vira-latas nas ruas perdidos,
São desafortunados, nada mais.
Como nada no espelho refletido,
Ou como luz em águas abissais,
Assim eles são vistos, os mendigos,
Aos olhos dos Programas Sociais.
The, 09/02/2006 - Humberto M. Feitosa